SERROTE 49

Os autores reunidos na edição #49 da revista serrote reafirmam a essência do ensaio, não se submetendo ao que é proposto e imposto como natural e imutável, da confiabilidade da primeira pessoa às instâncias de dominação masculina. 

Em "Obedecedário patriarcal", Sara Berbel Sánchez e Bernat Castany Prado apresentam um manual irônico e prático de estratégias possíveis para enfrentar os ditames do patriarcado. O sociólogo e filósofo Didier Eribon, no texto "Datas de nascimento", traz seus questionamentos aos projetos de escrita de si ou escrita sobre si mesmo. Tema tratado também pela professora de escrita criativa Merve Emre, no ensaio "A ilusão da primeira pessoa". Para ela, o ensaio pessoal é hoje uma mentira.

A poeta, cantora e compositora Maria Cecilia Brandi fala, em "Degradê de delícias e dores", da simbologia da cor amarela. Menção honrosa no Concurso de Ensaísmo serrote, a professora Iris Verena Oliveira discute a necessidade de transformação da escrita acadêmica numa universidade transformada pelas cotas. Também Menção honrosa no Concurso de Ensaísmo serrote, o arquiteto Pedro Vitor Costa fala da lógica do dejeto que contamina as projeções de futuro no texto "Sala de lixo". 

Jorge Schwartz, professor de literatura hispano-americana, apresenta em "O atlas de Torres García" um álbum inédito de recortes e montagens do artista uruguaio. "Performances perturbadoras", do sociólogo Richard Sennett, mostra como a ideia de performance permeia os múltiplos enfrentamentos entre civilização e barbárie. 

A edição traz ainda os ensaios visuais "O interior é uma invenção das beiras", da artista argentina Emilia Estrada, e a série "Máquinas" de Guto Lacaz, que também é capa da edição.